Diário do Detox Digital: Relatório de Dezembro

Categorias: Digital
Tags: detox, redes sociais, vício digital
Primeira postagem: 1 fevereiro, 2024

YouTube

Apesar de não ter infringido as regras do projeto, nestas férias maratonei vídeos no YouTube sobre narcisismo. Foi quase uma hora por dia, mas o motivo é nobre. Publicarei no meu blog uma playlist com sugestões de vídeos sobre este tema. Portanto, precisava selecionar o conteúdo para o post.

Penso que profissionais que falam de saúde devam, sim, fazer esta concessão à economia da atenção e ter um canal no YouTube, pois ele é o segundo mecanismo de busca mais utilizado no mundo, depois do Google.

No meu caso, que escrevo principalmente sobre produtividade com qualidade de vida, tornar-me uma youtuber seria como convidar alcoólatras para o bar objetivando ajudá-los com o vício em álcool.

Então, confesso que dar tanto tempo, informações e dinheiro para o YouTube definitivamente não me agrada em nada. Contudo, valeu a pena. Afinal de contas, tem algo que me irrita mais ainda do que essa plataforma maligna… narcisismo!

TikTok

Janeiro livre do TikTok! Não assisti nada nesta rede social. Raramente acessava mesmo o TikTok, não fez falta nenhuma.

Podcasts

No semestre passado, já tinha parado de seguir a maioria dos podcasts que costumava ouvir. Mas neste janeiro não resisti escutar os dois últimos episódios da série sobre Thiago Brennand, do Uol. Então, infringi o detox em duas horas.

Já que um dos episódios fala da relação dos Brennands com as artes e com os museus, eu poderia alegar que era trabalho, mas estaria forçando a barra. Eu ouvi porque estava curiosa mesmo.

Não sei se é uma realidade brasileira, mas os podcasts investigativos por aqui são superproduções, com trilhas sonoras especiais, entrevistas e tudo mais. É como aquelas novelas de rádio antigas, como CSI em áudio. Isto dificulta a vida de quem está tentando fazer um detox digital, porque a gente não consegue parar de ouvir!

Netflix e Streaming

Não assisti nenhuma série. Assisti a dois filmes e um documentário. Poderia ter sido mais, já que estava de férias, mas acho melhor assim.

Notícias

Foram quase cinco horas lendo notícias e quase duas horas vendo vídeos. Sete horas no total. Eram notícias gerais, nada específico de trabalho ou escola das crianças, mas fiquei nas oito horas permitidas.

Porém, incomodou o fato de que acessei notícias vários dias e não somente um único dia da semana, como é o meu propósito. Então, não estou tão de parabéns neste item…

Música

Não contabilizei o consumo de música, mas escutei muita música neste janeiro.

Com certeza infringi algumas regras, como colocar fone de ouvido ao fazer as tarefas da casa. O objetivo de proibir fone durante as tarefas é não ficar isolada do entorno. É um momento que posso, portanto, conversar e interagir com meu esposo e com as crianças. Mas não contarei como infração devido à exceção de férias. Como fiquei com minha família o mês todo de janeiro, tivemos tempo de sobra para conversar e confraternizar.

Montei novas playlists no Apple Music e no app de música clássica da Apple, que substituiu o Primephonic. Estou tornando públicas algumas das minhas playlists no meu perfil do Apple Music. Se você tem Apple, conseguirá me seguir lá.

Facebook

Somente vinte minutinhos de Facebook o mês de janeiro inteiro, checando o grupo Museologia Brasil. Muito abaixo da meta. Ganhei uma estrelinha nesta!

Instagram

Foram cerca de uma hora consultando Instagram de hotéis e restaurantes, tudo nas regras do detox. Porém, gastei 50 minutos assistindo vídeos de professores de inglês que fazem brincadeiras com as letras das músicas nesta língua. Eu poderia alegar que estava estudando inglês. Sejamos honestos aqui… eu estava apenas dando umas boas risadas!

Twitter

Janeiro livre de Twitter. Não senti falta alguma dessa rede social tóxica e viciante!

Conclusão

E esse foi o meu primeiro diário de detox digital. Até agora achei fácil cumprir a maioria dos meus combinados, mas eram férias de verão. Foram muitas atividades e distrações. Veremos como ficam as coisas agora em fevereiro, com a volta ao trabalho!

YouTube

Infelizmente, a maratona de vídeos sobre narcisismo ainda tomou curso quase o mês de fevereiro todo. Mas a boa notícia é que finalizei a seleção de vídeos para a minha playlist.

Está nas regras, porque é para o post do blog. Mas me sinto saturada de YouTube e realmente isso não combina com um Detox Digital.

Tentarei zerar o consumo de YouTube em março. Será que consigo?

TikTok

Fevereiro livre do TikTok! Ganhei minha estrela de novo. Não assisti nada nesta rede social pelo segundo mês seguido. Raramente acessava mesmo o TikTok, não fez falta nenhuma.

Podcast

Em fevereiro, ouvi duas horas e meia de episódios de podcasts. Ouvir podcasts não me fez feliz, pelo contrário. Então, fiquei frustrada comigo mesma por cedido à tentação.

O universo dos podcasts tem algumas ilusões perigosas.

Primeira ilusão: É um bom investimento do nosso tempo ouvir podcasts. Nem sempre. Talvez seja muito mais negócio gastar este tempo lendo um livro do que ouvindo alguém falar de improviso. Sempre digo para os profissionais externos que querem se matricular nas minhas disciplinas na universidade: “Se o seu tempo é curto, entre ler o meu livro ou fazer a minha disciplina, melhor ler o meu livro”.

Segundo: Ouvir podcasts fazendo outras atividades, como exercício físico ou tarefas de casa, é um ótimo aproveitamento do tempo. Brasileiros consomem muito podcast e, em geral, ouvem os episódios nos deslocamentos. É preciso ter consciência de que estas são oportunidades para se ter um tempo com os próprios pensamentos, algo importantíssimo para a nossa saúde mental. O celular nos roubou tempo de solitude.

Terceiro (talvez a ilusão mais perigosa): Conhecemos na intimidade os apresentadores destes podcasts. Principalmente quando o podcast é em forma de conversa, na qual os participantes falam espontaneamente sobre suas vidas, ideias e sentimentos.

É uma ilusão, porque o que estamos ouvindo é a persona pública daqueles apresentadores, mas o formato contribui para a sensação de que estamos sentados com eles numa mesa de restaurante. E assim como fazemos com amigos e pessoas próximas, podemos ignorar bandeiras vermelhas de que a conversa pode estar divertida, mas não está nos fazendo bem.

Isso significa que não vou mais ouvir podcasts na vida? Ou indo além, que nunca terei meu próprio podcast?

Não, mas significa que estou repensando podcasts. Tudo isso acima precisa ser considerado de forma mais racional e menos emocional. Daí meu aborrecimento por ainda não ter zerado o consumo de podcasts este mês.

O segredo para seguir as regras em um Detox Digital é simples, na verdade: não olhar. Então, para não cometer o meu erro, deixe de seguir os podcasts que você seguia e delete o histórico de visualizações. Assim o algoritmo não ficará te tentando com novos episódios e seus títulos clickbait.

Se nos distrairmos com coisas mais produtivas e ócio criativo na vida presencial, a ansiedade para consumir conteúdos digitais vai se dissipando ao longo do tempo. Longe dos olhos, longe da mente.

Em março vocês têm a minha palavra de que ficarei esperta e não cairei mais nesta armadilha de novo. Ganharei a minha estrela neste item.

Netflix e Streaming

Assisti a 3 filmes este mês, sendo um no cinema. Tudo nas regras, porque foram filmes infantis com nossos filhos. Assistimos recentemente o desenho animado Rio, tanto o 1, quanto o 2. Está para lançar o filme 3.

É impressionante como a imagem do Brasil é apresentada estereotipadamente no exterior. Não só nos desenhos animados, mas na imprensa internacional também.

O mais grave é que uma pesquisa recente mostrou que tomadores de decisões, como diplomatas e jornalistas especializados em relações internacionais, também cultivam essa mesma visão clichê do Brasil.

Para muitos estrangeiros, a maioria provavelmente, o Brasil é sinônimo de Amazônia, carnaval, futebol, povos originários, animais selvagens, praia, gente feliz festejando e Rio. Tudo isso é parte do Brasil, mas tem muito mais. Por isto é importante falar sobre o Brasil neste blog e também nos nossos projetos acadêmicos na universidade, com foco no público estrangeiro.

Notícias

Definitivamente não ganhei nenhuma estrela aqui. Mas em minha defesa, aconteceram coisas muito bombásticas este mês. Não comentarei tudo, apenas três assuntos principais.

Foi divulgado na nossa imprensa um vídeo de uma reunião na qual o nosso ex-presidente de extrema-direita discutiu abertamente sobre atos não democráticos com seus ministros e com generais do exército. Como que faz Detox Digital no meio de um Water(melon)gate Tropical?

Referindo-se aos escândalos políticos do Brasil, certa vez a conta oficial do House of Cards publicou um tweet dizendo: “Está difícil competir.” Alguém respondeu que a Netflix tinha que fazer um spin-off brasileiro do show. E o Twitter oficial do Netflix Brasil respondeu: “Eu até tentaria, mas se eu reunisse 20 roteiristas premiados não conseguiria chegar numa história a essa altura…

Quem precisa de House of Cards quando você tem o noticiário brasileiro?

Também gastei muito tempo lendo a repercussão do Carnaval da minha cidade na imprensa nacional e internacional. BH virou um dos principais locais para festas de rua do Brasil. Foram cadastrados mais de 500 blocos de Carnaval e esperados cerca de 5,5 milhões de foliões este ano.

Apesar deste número estar superestimado, BH estava realmente lotada de turistas brasileiros e estrangeiros desde o final de janeiro. Uma verdadeira Torre de Babel de sotaques e línguas nas ruas (essa parte adoro, aliás!). E as festas por aqui repercutiram na imprensa e nas redes sociais.

Respeito quem gosta, mas pessoalmente não curto Carnaval. Minha curiosidade era para ver como o Brasil seria retratado nestas reportagens. Na minha opinião, elas também descreviam uma BH clichê.

Por fim, também gastei algum tempo lendo as notícias sobre a guerra, as falas do presidente brasileiro sobre Israel e Gaza. E as distorções destas falas, para fins políticos. Não focarei meu comentário aqui nas falas em si, porque minha opinião é complexa. Comentarei o que penso sobre ética da guerra.

É inconcebível que em pleno século XXI nós ainda tenhamos guerras. Mais chocante ainda é o fato destas guerras não respeitarem os princípios mínimos de direitos humanos, salvando os civis. Especialmente se estes civis são crianças, mulheres, pessoas com deficiência, idosos, doentes, feridos ou famintos.

Não importa de que lado essas pessoas pertençam: soldados honrados dão sua vida para salvar e proteger os indefesos. Ponto final.

Homens que usam o seu poder ou a sua força física para dominar, violar, torturar, sequestrar, exterminar ou ferir crianças, mulheres e demais inocentes são covardes, doentes, desumanos, sem valor, sem caráter, malignos, canalhas. Estou sendo eufêmica aqui.

Quero gritar e xingar. Quero chorar. Na verdade, eu chorei copiosamente devido às notícias da guerra este mês. Principalmente aquelas envolvendo a fome extrema, os órfãos e crianças sendo amputadas sem anestesia.

Isso tudo é uma insanidade. São crimes de guerra hediondos que vão entrar para os livros do futuro como capítulos deploráveis da história da humanidade.

Tenho evitado ler notícias das guerras, porque realmente tudo isso me revolta muito. Neste sentido, este Detox Digital pode ajudar bastante, porque planejo consumir somente o mínimo destes assuntos para me manter atualizada.

Mas este mês, infelizmente, não resisti e o Detox ficou prejudicado.

Música

Ouvi muita música neste mês de fevereiro, dentro das regras do detox. Para os próximos meses, quero incluir menos música digital e mais música “analógica” e presencial na minha rotina.

Facebook

Gastei menos de 15 minutos no Facebook em fevereiro, checando o grupo Museologia Brasil. Foi ainda melhor do que janeiro. Ganhei uma estrela aqui!

Instagram

Fiquei menos de meia hora no Instagram em fevereiro, tudo nas regras do detox (restaurantes, lojas, hotéis, etc.). Outra estrela!

Twitter

Fiquei quarenta minutos no Twitter este mês, muito mais do que gostaria, mas a tentação foi grande.

Está havendo uma importante discussão internacional criticando a cultura do Publish or Perish nas universidades (preocupar-se com a quantidade das publicações, não necessariamente com a qualidade). E apresentando novas propostas de avaliação da produção acadêmica. Alguns colegas compartilharam tweets de professores notórios em um fórum sobre Produtivismo que participo.

Se tivesse me concentrado só naqueles tweets, eu teria ficado somente uns 5 minutos no Twitter. Mas a curiosa aqui clicou na hashtag #PublishOrPerish

Para quê? Fui capturada por um espiral de memes e tweets hilários, como esse vídeo desse médico humorista tirando sarro da mega indústria bilionária das publicações científicas.

A propósito, o que ele sugere de zoação no vídeo já acontece no Brasil há décadas. Aqui os periódicos científicos brasileiros mais bem conceituados são totalmente gratuitos. Ninguém paga nada para ler e nem para publicar, porque estas revistas são mantidas pelas principais universidades brasileiras, que também são públicas e gratuitas.

Afinal de contas (para finalizar este diário de detox com mais um estereótipo equivocado sobre o Brasil): somos um país “comunista”!

Viralizou recentemente um vídeo de uma ex-professora doando 1 bilhão de dólares para uma universidade americana no Bronx, NY. No vídeo, ela comunica ao auditório lotado de estudantes que a partir de agora eles não teriam mais que pagar mensalidades. E os estudantes comemoram loucamente, surtando de felicidade.

O comentário por aqui no Brasil era: “Centenas de estudantes americanos sentindo o que milhões de brasileiros sentem ao entrarem para as nossas melhores universidades.”

Brincadeiras à parte, eu chorei vendo o vídeo. Muito lindo e emocionante. Quero apertar, abraçar e beijar essa velhinha “comunista”!

Conclusão

E esse foi o meu segundo diário de detox digital. Acho que está indo bem, apesar de ter sido bem mais difícil do que janeiro. E de ter infringido mais as regras. Vamos ver se em março eu volto para os trilhos!

Fevereiro

YouTube

“Tentarei zerar o consumo de YouTube em março. Será que consigo?”

Terminei assim o meu último diário do detox digital sobre o YouTube. Infelizmente, a resposta é não.

Conclui que o YouTube está em absolutamente tudo em minha vida. Palestras sobre museus, vídeos do meu curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais), tutoriais de softwares e processos para cumprir protocolos na universidade etc. Tudo.

Percebendo que não seria possível cortar totalmente o YouTube, segui as regras do Detox Digital e fui além. Eu me perguntei: o que eu consigo eliminar?

Então, zerei algo que provavelmente ocupava a maior parte do meu consumo de YouTube, fora os vídeos sobre narcisismo para minha playlist: notícias.

Sempre que checava os jornais, também corria o olho nos canais da BBC, DW, The Guardian, The NYT, Nexo, Uol etc. Além disto, no topo das reportagens desses jornais, não raro existe um vídeo correlacionado àquela notícia ou tópico.

A meta de março, portanto, além das regras do Detox, era não assistir nenhum vídeo dos jornais no YouTube, mas priorizar a leitura dos artigos. Eu atingi meu objetivo. E o grande ganho foi em termos de saúde mental.

Por exemplo, uma coisa é ler sobre as guerras. Outra é assistir vídeos sobre estas guerras. Neste sentido, acho que o Detox de vídeo de notícias me fez muito bem.

Mas foi difícil? Demais da conta. Não vou mentir… Descobri que estou viciada em notícias no YouTube. Constatei isso devido à ansiedade que senti em não poder clicar em nenhum daqueles vídeos.

A meta continua em abril. Vício a gente cura superando a fase de abstinência. Depois, com a cabeça menos “drogada”, vejo se consigo estabelecer uma relação mais saudável com as notícias nessa plataforma maligna.

TikTok

Março livre do TikTok! Não assisti nada nesta rede social pelo terceiro mês seguido. Raramente acessava mesmo o TikTok, não fez falta nenhuma.

Podcast

Março livre de podcasts, não assisti nenhum episódio. Ganhei minha estrelinha neste item!

Netflix e Streaming

Março sem assistir a séries ou filmes. Assisti a um documentário apenas. Então, consumi bem menos do que o permitido pelo Detox.

Notícias

Li 5 horas e 40 minutos de notícias este mês. Menos duas horas do que a meta que estabeleci no Detox.

Foi difícil, porque o Water(melon)gate Tropical estreou várias temporadas picantes, com o depoimento de generais na polícia federal, que implicam o nosso ex-presidente de ultradireita nas tramas para tentativa de golpe de estado no ano passado.

Além disto, como noticiou o The New York Times, sob o risco de prisão, ao entregar o passaporte para a polícia federal, o covarde se abrigou por dois dias na embaixada da Hungria, numa aparente tentativa de pedir asilo político.

E a trama se complica a cada dia que passa. Os jornais fervilhavam de notícias detalhando esta reviravolta. Inacreditável, minha gente!!! E eu aqui sem poder ler ou assistir tudo sobre isto. Oh, céus, que curiosidade!

Por fim, como planejava fazer o Detox Digital este ano, não renovei a assinatura de dois dos jornais que normalmente leio, sendo um o próprio The New York Times.

Entretanto, eles mandaram tão bem esse mês que renovei minha assinatura para dar suporte ao jornalismo de altíssima qualidade.

Música

Este mês também foi marcado por mais consumo de música “analógica”. Fui com meu esposo nas excelentes aberturas de duas temporadas: a da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e a da Orquestra 415.

Estavam ambos os concertos com a plateia bem cheia, o que me deixou bastante feliz.

Para fins deste diário de Detox, vale a pena registrar algumas observações sobre o uso do celular nestes dois eventos.

A Filarmônica da minha cidade, Belo Horizonte, é uma orquestra brasileira padrão internacional, com musicistas do mundo inteiro. E que executa suas apresentações em um lindíssimo auditório com acústica profissional, a sala Minas Gerais (o nome do nosso Estado).

A abertura da temporada de 2024 teve como repertório os Pilares da Ópera Alemã, executando algumas peças instrumentais de compositores como Mozart, Gluck, Weber, Beethoven, Wagner e Strauss.

O programa impresso dizia que quando soasse a primeira nota, os eletrônicos deveriam ser esquecidos. Mas fotografias e vídeos eram permitidos antes e depois. Pedia, ainda, que as redes sociais fossem gentilmente marcadas nas postagens para divulgação.

Esta blogueira aqui, então, registrou a imagem abaixo no intervalo, quando o maestro conversava informalmente com a audiência. E as pessoas retornavam para seus lugares, antes da segunda parte do concerto.

Orquestra filarmônica de Belo Horizonte no auditório da Sala Minas Gerais.

O que me chamou mais a atenção é que eu não vi praticamente ninguém segurando um celular para nada. Notei um rapaz checando suas mensagens antes do concerto começar e só. Impressionante isso! Muito bom, aliás. Um público educado e que também sabe apreciar o momento presente.

A segunda abertura de temporada foi a da Orquestra 415. Eles possuem ainda um coral parceiro. Seu diferencial é que os instrumentos barrocos são de época, feitos à mão com materiais e técnicas antigas. E a orquestra é pequena, como eram as orquestras naqueles tempos.

Instrumentos como espineta (família dos cravos), flauta doce, guitarra barroca e teorba (alaúde de braço longo) foram mantidos, sem substituição por versões mais modernas, como é bem comum na música erudita. E o grupo faz suas apresentações em auditórios menores, para que os ouvintes possam detectar a presença destes sons mais delicados.

Tudo isto torna a música desta orquestra mais próxima da experiência executada pelos compositores do período antigo.

O concerto de abertura teve como repertório o Glória de Vivaldi. Fiquei emocionada. Il prete rosso, na sexy e charmosa Veneza, provavelmente nunca vislumbrou sua música sendo executada no auditório de uma biblioteca pública brasileira, do outro lado do mundo, tanto tempo depois.

Quanto ao uso do celular, a abordagem da Orquestra 415 foi mais explícita. No começo da apresentação, o maestro gentilmente solicitou que mantivéssemos os celulares desligados. Mas informou que ao final do concerto eles iriam repetir uma das composições. E que, neste momento, gravações e fotografias eram muito bem-vindas. Pediu, em seguida, que todos marcassem a orquestra em suas postagens, caso tivessem redes sociais.

Antes e depois do espetáculo, e principalmente quando chegou o momento do bis, o auditório em peso fotografou ou filmou. E eu também. Não tenho redes sociais, mas fica aqui o meu registro.

Neste caso, achei positivo que todos estivessem com celulares em mãos. Entendi o movimento como um apoio de divulgação da música clássica.

Facebook

Gastei 35 minutos no Facebook em março, checando o grupo Museologia Brasil. Menos do que a meta do Detox.

Entrei este mês, ainda, em um grupo privado de desenvolvedores Web. Dei uma olhadinha rápida, mas com certeza devo explorar mais o grupo em abril. Muita coisa interessante sobre Inteligência Artificial. Os rapazes lá fizeram eu me sentir desatualizada.

Tentarei, mesmo assim, manter os 20 minutos semanais máximos como meta. Vamos ver se vai dar.

Instagram

Fiquei menos de meia hora no Instagram em março também, tudo nas regras do detox (restaurantes, lojas, hotéis, etc.). Outra estrela!

Twitter

Gastei 20 minutos no Twitter em março, lendo a repercussão do exposé de um professor e influenciador internacional, com milhões de seguidores nas redes sociais.

Não seguia esse influenciador antes. Então, assisti alguns minutos de seus vídeos. Achei o que vi neste pouco tempo muito preocupante. As bandeiras vermelhas estavam visíveis lá.

Segundo reportagem do New York Magazine, ele foi flagrado vivendo de aparências em sua carreira acadêmica e tendo comportamentos sexistas, manipuladores e abusivos em sua vida privada.

O que a vida pessoal e profissional de um influenciador tem a ver com sua persona pública? Tudo neste caso. Aparentemente, ele fez fama e fortuna com conteúdo principalmente sobre produtividade, estilo de vida e saúde mental.

Todos nós que escrevemos sobre estes assuntos estamos sendo observados pelas pessoas do nosso mundo presencial. Especialmente aquelas que convivem conosco na intimidade. E é impressionante como ele achou que conseguiria manter tanta coisa absurda em sigilo.

Mas o mais grave no caso deste influenciador é o que acontece nos seus canais públicos, porque ele tem um alcance de milhões: o seu podcast defende pseudociência e ganha fortunas com anúncios de produtos questionáveis.

Ele menciona com frequência o nome da instituição acadêmica renomada a qual pertence. Isso obviamente funciona como uma espécie de chancela indireta para o que ele diz.

O que concluo nestes 20 minutos de Twitter é que, para grande parte dos seguidores deste homem, nada do que ele possa ter feito de errado importa, pelo contrário. Atacaram violentamente a repórter com comentários misóginos e ad hominem.

Alguns inclusive elogiaram a “produtividade” do influenciador em conseguir administrar várias namoradas ao mesmo tempo, que não sabiam da existência uma das outras.

Esse tipo de bullying absurdo com a repórter no Twitter mostra muito bem o perfil da base de fãs deste sujeito: uma massa de pessoas acríticas sem bússola moral.

E é por esse tipo de coisa que não estou mais nas redes sociais. É um ambiente extremamente tóxico, cheio de narcisistas e psicopatas.

E é por esse tipo de influenciador sem coerência, que vive uma vida dupla, que também estou fazendo este Detox Digital.

Lendo o artigo do exposé e os comentários no Twitter, tive a sensação de que eu vivo não só em um outro país, mas em um outro mundo. Um mundo com outras regras, valores, comportamentos, expectativas e ambições. Povoado por outro tipo de seres humanos, muito mais nobres e empáticos. Enfim, quase um outro planeta!

Apesar de ter infringido as regras do Detox, não me arrependo. Foi bom para constatar como minhas escolhas de vida estão indo pelo caminho certo.

Conclusão

Março foi melhor do que fevereiro. Cumpri todas as metas do Detox Digital, com exceção do Twitter. Fiquei feliz.

Foi um mês bem mais difícil também, mas está indo bem. Vamos em frente!

Tem muitas outras coisas que gostaria de compartilhar neste diário, mas preciso parar por aqui, pois o pouco tempo que tenho para dedicar ao blog está tomado com o redesign da plataforma e com a preparação da série sobre Narcisismo.

Estou adorando tudo isso, o retorno dos posts no blog. Saudades que estava de clicar no botão de “publicar” nesta plataforma.

Março

YouTube

Eu assisti uma hora e meia de YouTube em abril que não estavam nas regras do Detox.

A maioria era vídeos de comédia, como o stand up de um europeu que vive no Brasil. Ele brinca com o choque cultural de maneira muito inteligente e divertida.

Quebrei as regras do Detox, eu sei. Mas eu ri demais!

TikTok

Quarto mês sem perder tempo navegando no TikTok!

Podcast

Em abril gastei quase 5 horas assistindo a trechos de podcasts variados.

O objetivo não foi me entreter simplesmente. Eu ouvi estes trechos para fazer algumas reflexões sobre podcasts, relacionadas ao próprio Detox e ao consumo/produção de conteúdo digital.

Contudo, computarei essas horas como quebra das regras do Detox, porque eu poderia ter adiado isso para o ano que vem. Não o fiz, confesso, porque estava curiosa, principalmente por conta dos últimos acontecimentos do podcaster acadêmico que comentei no diário de março. Ele foi flagrado vivendo uma vida secreta antiética, tanto pessoal, quanto profissional.

Acredito que são os relacionamentos cheios de amor que nos trazem a verdadeira felicidade e que fazem nosso corpo ter mais saúde e nossa existência, mais sentido. Não “protocolos disto ou daquilo”. A produtividade deveria ser tão somente um caminho de sabedoria para alcançarmos a vida boa.

Portanto, esse exposé do podcaster deveria nos despertar mais compaixão do que raiva. Porque em nome de fortuna, fama, status, seguidores, um corpo sarado e sexo com múltiplas mulheres, ele sacrificou não só sua credibilidade acadêmica, mas principalmente aquilo que mais importa na vida: os relacionamentos, as pessoas que o amavam. Seja este amor eros, philia, storge or agape.

Provavelmente o tal podcaster e muitos dos seus seguidores não se importam com nada disto. Mas até este descaso é digno da nossa empatia. A miséria moral e espiritual é uma pobreza muito mais difícil de vencer do que a falta de dinheiro.

A melhor análise deste caso, na minha opinião, foi a da Dr. Ramani Durvasula. Eu não tenho palavras para descrever o quanto amei esse vídeo. (Está em inglês, portanto, ative as legendas e, no menu da legenda mesmo, selecione a tradução automática para sua língua preferida).

Ramani constata como ser smart (inteligente, esperto) não é uma virtude. Ela se questiona quando foi que passamos a considerar ser smart no mesmo nível hierárquico de ser generoso, respeitoso, caloroso, paciente, pacífico etc. Empatia é um exemplo de real virtude, não simplesmente ser inteligente ou culto.

É mais fácil ser smart do que ter ética. E em termos de produtividade, soft skills (habilidades relacionais, inteligência emocional) vão se tornar cada dia mais essenciais, principalmente com a revolução da Inteligência Artificial. Quanto mais os computadores assumem tarefas que antes eram feitas por humanos, mais valorizada se tornará no mercado de trabalho a nossa capacidade de sermos… humanos!

Ramani faz ainda uma série de reflexões importantíssimas sobre o exposé do podcaster, que serve para nossos relacionamentos na universidade também, caso você seja um acadêmico como eu. Assista ao vídeo, vale a pena cada segundo!

Enfim, depois de tudo que assisti este mês sobre podcasts, eu poderia resumir meus sentimentos em dois: confusão e dissonância cognitiva. Este é o preço por capitular ao vício e desobedecer a meus propósitos do Detox.

Pelo menos refleti bastante. Esperarei o fim do Detox para amadurecer a minha opinião de como fazer um consumo saudável de podcasts.

A meta para os próximos meses é zerar o consumo de podcasts, como fiz em março.

Netflix e Streaming

Assisti com nossos filhos o filme Kung Fu Panda 1, pois planejamos assistir ao filme 4 no cinema. É uma das minhas animações preferidas, aliás. Mas 16 anos do lançamento, achei o filme um pouco “gordofóbico”!

Pandas são gordinhos por natureza, um panda gordinho é um panda saudável. Eles poderiam ter focado no aspecto da falta de preparo físico do panda, e não na sua aparência e na compulsão pela comida em si. O panda sofre bullying o filme inteirinho por ser gordo, até mesmo ao se tornar o dragão guerreiro!

É interessante como o mundo está mudando rápido e certas coisas que antes passavam batido, hoje são consideradas politicamente incorretas. Acho que é o caso aqui. Mas eu ainda adoro esta animação. Tem algumas lições interessantes para crianças de todas as idades, incluindo as com mais de 40.

Pude conhecer os bastidores do processo de criação deste filme na exposição DreamWorks do CCBB Belo Horizonte e no Rio.

Foi uma exposição incrível, apresentando as estátuas de argila dos personagens, rascunhos dos desenhos e a tecnologia digital por trás do filme. Segundo o ranking da The Art Newspaper, foi a segunda exposição de arte mais visitada do mundo em 2019.

Ainda segundo o ranking The Art Newspaper, ano passado o CCBB Belo Horizonte foi o museu de arte mais visitado da América Latina, ficando em 41º no ranking mundial. O CCBB Rio de Janeiro ficou em 46º. Bravo para os dois!

Exposição da DreamWorks com uma cabeça de girafa saindo de uma caixa, quadros com desenhos e estátuas de argila.
Exposição DreamWorks no CCBB BH, Brasil.

Notícias

Consumi quase seis horas de notícias em abril, duas horas a menos do que o permitido pelas regras do Detox. Fiquei feliz com minha resistência, foram muitas tentações.

Novamente, não vi nenhum vídeo de jornais no YouTube. Meu coração está partido pelo sofrimento dos israelitas e palestinos inocentes nesta guerra criminosa e insana. Então, ficar sem ver conteúdos e vídeos disso tudo foi, novamente, uma parte positiva do Detox.

Mas fiz este mês algo que não fazia há muitos meses: assisti meia hora de noticiário na televisão. Tão vintage!

Eu queria ver como o maior canal de notícias do Brasil estava divulgando o caso Elon Musk x Alexandre de Moraes. Explico melhor a situação adiante neste post, no item Twitter.

Música

Ouvi muita música neste mês de abril, nas regras do Detox.

Facebook

Gastei 50 minutos este mês no Facebook, interagindo nos grupos de museologia, desenvolvimento Web e SEO. Consegui ficar dentro das regras do Detox.

Instagram

Fiquei menos de meia hora de novo no Instagram em abril, tudo nas regras do Detox (restaurantes, lojas, hotéis, etc.). Outra estrela!

Twitter

Não acessar o Twitter este mês foi com certeza a coisa mais difícil deste Detox até agora. Exigiu muito domínio próprio e explico por quê.

Esse homem também merece ser criticado nominalmente, então vamos lá…

Elon Musk usou sua conta no Twitter para dizer que no Brasil nós não temos liberdade de expressão e para espalhar fake news.

Então, o primeiro ponto é esclarecer para meus leitores estrangeiros de que isto não é verdade. O que nós temos é uma legislação bastante civilizada no que se refere a discursos de ódio.

A agressão verbal pode gerar consequências tão sérias quanto a agressão física em outro ser humano. E se você incita os demais a cometerem um crime, você também é criminoso.

O direito à liberdade de expressão não é um direito absoluto, ele está subordinado a outros direitos, como direitos humanos e democracia. A liberdade de expressão não é irrestrita. Neste sentido, acho a legislação brasileira avançada, e não uma censura.

Sobre esta questão das redes sociais, o ministro Alexandre de Moraes disse recentemente em um evento em Londres:

“As big techs dizem exatamente isso: que elas são grandes depósitos. Não há nenhum problema. Se você tem um depósito na vida real, você aluga o depósito e a pessoa que alugou faz de lá um laboratório de cocaína, você não tem responsabilidade por isso, você não sabia. Agora, se você descobre e faz um aditamento no contrato para ganhar 10% da venda da cocaína, no mundo real você tem que ser responsabilizado. Disso, ninguém discorda. No mundo virtual, se você simplesmente é um depositário de artigos, vídeos, você não pode ser responsabilizado. Agora, se você monetiza isso, se você coloca os seus algoritmos para direcionar com prioridade essas notícias, aí você está igual à pessoa que está ganhando 10% da cocaína.”

Concordo plenamente com este raciocínio e digo mais: se os “trabalhadores/produto” dessas “fábricas virtuais” que movem a economia da atenção está em outros países, como o Brasil, as big techs deveriam pagar imposto nestes países também. E respeitar a legislação local.

Afinal de contas, o que estas empresas e seus imperadores gananciosos estão fazendo é imperialismo via platform power (poder da plataforma).

Nós já temos há dez anos uma lei brasileira muito avançada sobre a Web: o Marco Civil da Internet. Mas agora precisamos avançar ainda mais e regulamentar as redes sociais urgentemente! Isso não é censura, isso é lutar contra a barbárie virtual.

Feito estes esclarecimentos iniciais, vamos à polêmica do mês por aqui.

Elon Musk, no seu Twitter, atacou o nosso ministro do Supremo Tribunal Federal Brasileiro, Alexandre de Moraes, que é o relator dos processos envolvendo a tentativa de golpe de 08 de janeiro de 2023, em Brasília.

Nestes processos sob seu comando, algumas contas no Twitter foram bloqueadas a pedido da justiça brasileira. E Musk ameaçou descumprir o bloqueio.

Em seu Twitter, Musk acusou o Brasil de censura, comparou o ministro Alexandre de Morais ao Darth Vader (um argumento muito consistente e maduro, por sinal! #ironia), bem como ameaçou tirar o Twitter do Brasil (Por favor, prove para nós que você é realmente ousado e faça isto!!!!).

Além disto, tuitou fake news de que Moraes teria ligações com o atual governo, que é de esquerda, sendo que ele sempre foi alinhado aos nossos políticos de direita! Isso é público e notório no Brasil. Não acho que Musk estava desinformado, acho que fez de propósito.

Em resposta ao ataque, Moraes incluiu Elon Musk como investigado no inquérito sobre as milícias digitais antidemocráticas no Brasil. A Procuradoria Geral da República convocou os funcionários do Twitter Brasileiro a prestarem depoimento na Polícia Federal. A Defensoria Pública da União ingressou com um pedido para que o Twitter seja condenado a pagar uma indenização no valor de 1 bilhão de reais por dano moral coletivo e danos sociais causados ao Brasil.

Sobre as falas de Elon Musk, jornalistas brasileiros (inclusive de direita, cabe ressaltar) escreveram coisas do tipo: “Elon Musk intima Brasil a provar que não é república de bananas”.

Com exceção da extrema direita radical e dos ignorantes que admiram Elon Musk como “empreendedor”, ninguém inteligente aqui, de esquerda ou de direita, ficou do lado dele.

As contas dos jornalistas e influenciadores brasileiros devem ter fervilhado com essa história no Twitter. Eu queria muito ter entrado lá para dar uma espiada, mas resisti bravamente.

Essa é a vantagem de manter um diário público do seu Detox. Você tem a pressão social de ficar firme nos seus propósitos.

Para finalizar, eu não sei se Elon Musk é insano, um moleque ou um monstro. Provavelmente, os três ao mesmo tempo.

Os memes sobre o caso diziam que Moraes tinha confiscado o passaporte dele, a chave do foguete SpaceX e proibido Musk de deixar o planeta. Eu discordo dessas medidas: eu adoraria que ele fosse morar em Marte!

Conclusão

Foi um mês muito difícil para o meu Detox Digital. Parece que está ficando cada mês mais difícil, aliás. Espero voltar para os trilhos em maio. Ninguém disse que seria fácil.

Para os que resolveram me acompanhar neste Detox, vamos em frente. Desistir jamais!

Abril

YouTube

Quebrei as regras em quase quatro horas este mês. A maioria dos vídeos era sobre Jordan Peterson. Ele veio dar palestras no Brasil. Ingressos caríssimos e esgotados, com fila de espera.

Como é uma figura famosa no mundo da produtividade, adorado pela extrema-direita por aqui, queria assistir algum documentário ou algum vídeo panorâmico que me desse uma introdução geral sobre este autor.

Mas acabei encontrando mesmo foram vídeos satíricos sobre ele e clips de palestras com falas absurdas do homem. Um exemplo? Peterson disse que temos que “admirar Hitler”, porque ele era um “gênio organizacional”. Sim, isso mesmo que você leu.

Peterson também usa exemplos do mundo animal, como “alfas lagostas”, para explicar o desejo masculino por dominância. E nega a existência do patriarcado.

E lá se foram horas da minha vida. É isso que o YouTube faz conosco: ele nos seduz pelo choque. Fiquei realmente chocada com o que vi no YouTube e pensei comigo mesmo: “Esse homem escreve o que fala?

Então, fui ouvir a amostra do audiolivro dele. Já na amostra, Peterson diz algo provocativo: que a “ordem” evoca o conceito de “masculino” e o “caos” evoca o de “feminino”.

Português é uma língua que tem gênero gramatical. E no português todas as palavras a seguir são femininas: ordem, organização, produtividade, gestão, autonomia, independência, liberdade, segurança, meta, responsabilidade, razão, consciência, conscienciosidade.

O fato de uma palavra ser feminina na nossa língua materna evoca associações inconscientes. Além disto, este é um blog de produtividade! Quando ouço a palavra “ordem”, imediatamente associo ao meu universo pessoal.

A provocação deu certo, porque fiquei curiosa para ouvir o livro. Entretanto, eu me propus este ano de Detox evitar livros de autoajuda e produtividade. Com exceção de livros sobre gestão de museus, que fazem parte do meu trabalho, não li nenhum livro sobre produtividade este ano.

Meus livros têm sido basicamente diários de viajantes que exploraram o Brasil nos séculos passados, história da arte e da música clássica, literatura de contos e crônicas. Eu iria quebrar minha rotina de leituras leves do Detox com Peterson?

A curiosidade matou o gato. Acabei ouvindo alguns capítulos do tal audiolivro, fui direto nos mais polêmicos. E a situação é gravíssima mesmo. Ele realmente escreve aquelas insanidades, inclusive o negócio lá da lagosta.

A síntese da minha opinião sobre tudo isto é: com raras exceções de problemas graves de saúde mental, nós seres humanos não somos reféns incondicionais da nossa natureza. Cultura exerce uma enorme influência em nossas decisões.

Somos influenciados também pela nossa genética, claro. E homens e mulheres possuem biologias diferentes, obviamente. Mas nós não somos escravos dos nossos instintos. Nossa natureza não é um destino fatal.

O que Peterson defende, na minha opinião, é uma masculinidade extremamente tóxica, maquiada com um falso verniz de ciência e intelectualidade. Esse tipo de masculinidade já era. Esse barco já se foi, já viramos essa página faz tempo, felizmente. Não caiam nessa besteirada!

Esse homem está ficando rico e famoso em cima de polêmicas no YouTube e em cima da insegurança de vocês, homens. O mundo está mudando muito rapidamente. Está difícil para todos acompanharmos, homens e mulheres. Mas esse tal de Peterson está capitalizando em cima dessa dificuldade da maneira mais sórdida possível.

Se até um acadêmico como Peterson, que (supostamente) tem como base do seu trabalho a metodologia científica, é capaz de dizer e escrever coisas deste tipo, o que nos aguarda no futuro em termos de desinformação? E qual o impacto que isso terá sobre todos nós, sobre a humanidade?

TikTok

Quinto mês sem perder tempo navegando no TikTok.

Podcast

Alguns dos vídeos que assisti no YouTube eram de canais que se autointitulam “poscasts”. Não computarei essas horas aqui, porque já computei no item YouTube, então ficaria dobrado.

Além disto, estes influenciadores não são mais podcasters na minha opinião. Podcast é áudio. Eles são YouTubers que divulgam o áudio dos seus vídeos em plataformas de podcasts.

Netflix e Streaming

Não assisti séries este mês, mas vi cinco filmes, sendo um no cinema. Foram todos com minha família, então, estão nas regras do Detox Digital.

Notícias

Não assisti vídeos de notícias este mês e nem fiquei tentada a fazê-lo.

O Brasil está enfrentando um dos piores desastres climáticos dos últimos séculos. O Rio Grande do Sul, um Estado no extremo sul do país, teve a maior enchente da sua história.

As áreas mais afetadas, como infelizmente costuma ser, são as áreas mais pobres. Além dos centros históricos, que foram construídos séculos atrás.

Não faltou aviso, os cientistas alertaram dos perigos. Não faltou dinheiro, o setor responsável por esta questão no Estado era superavitário e tinha centenas de milhões de reais em caixa. Faltou prevenção, cultura, ciência, gestão e caráter, na minha opinião.

O resultado? Quase quinhentas cidades afetadas, quase meio milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas, quase mil pessoas feridas, dezenas desaparecidas e quase duas centenas falecidas. Até agora.

Vidas humanas são obviamente o que mais importa neste desastre. Mas trabalho com museus, não tem como não sofrer também pelos museus e seus profissionais.

Os museus e bibliotecas mais bem estruturados implementaram planos emergenciais de salvaguarda do acervo antes da enchente. Ainda que tenham conseguido proteger as coleções, os edifícios históricos foram invadidos pela água.

Também sofro pelas famílias que perderam seus objetos sentimentais, suas fotos, seus brinquedos da infância, suas raízes, seus “museus pessoais”.

É uma tragédia sem precedentes, que tem direta ligação com a crise planetária climática e também com a flexibilização da legislação ambiental na região.

A imprensa brasileira postou vídeos e notícias de enchentes no mundo todo, refletindo sobre o aquecimento global e suas consequências. Uma discussão oportuna, agora que o Brasil está sediando o encontro do G20 sobre o tema.

O planeta está pedindo socorro… estas tragédias virarão rotina se não fizermos nada!

Se você está fora do Brasil e quer ajudar as vítimas ou os museus afetados pela enchente, entre em contato comigo clicando aqui que eu te auxiliarei a fazê-lo.

Música

Segui as regras do Detox.

Em termos de música “analógica”, em Maio, eu e meu esposo fomos a mais um concerto da Orquestra 415. Falo sobre ela no Diário de março.

O concerto foi intitulado A Prisão de Bach e tocou obras desse compositor, alternadas com cenas teatrais que retratavam conversas fictícias dele com um colega de cela. As falas de Bach foram em sua maioria retiradas das letras de suas cantatas.

Bach foi preso na vida real, em 1717, porque o Duque de Weimar não queria deixá-lo ir trabalhar em outro lugar. Isso é um completo absurdo, um autoritarismo! Fiquei refletindo como hoje gozamos de liberdades inimagináveis, como escolher para quem gostaríamos de trabalhar.

Quer dizer, nem todos. Mas provavelmente o leitor desfruta desse avanço civilizatório.

Facebook

Gastei 40 minutos este mês no Facebook, interagindo nos grupos de museologia e desenvolvimento Web. Consegui ficar nas regras do Detox.

Instagram

Fiquei menos de meia hora de novo no Instagram em maio, tudo nas regras do Detox.

Twitter

Não acessei o Twitter este mês. E nem fiquei tentada a acessar. Só tragédias absurdas das guerras criminosas em curso no mundo e da enchente no nosso país.

Conclusão

Há quatro anos estávamos em pleno isolamento da pandemia.

E o que fiquei refletindo com estas memórias, para fins deste Detox, é que as pessoas parecem ainda mais viciadas em conteúdos digitais depois da Covid-19: redes sociais, reuniões on-line, e-mails, apps de mensagens, vídeos, etc. O avanço da digitalização neste período trouxe vantagens, mas também, muitas desvantagens.

Além disto, há quatro anos éramos privados de tudo. Não só de convívio com as pessoas que amamos, mas até de coisas simples, como respirar ar puro sem usar uma máscara, comer em um restaurante, frequentar praças, parques e museus, que foram fechados para evitar aglomerações.

Depois de tudo que vivemos, não podemos mais encarar estes prazeres cotidianos como trivialidade. Temos que valorizar as pequenas alegrias do nosso dia a dia.

Cada dia conta, cada hora conta, cada minuto conta. É sábio viver no presente. A gente não sabe nada do amanhã. Por isso, temos que planejar o futuro, claro, mas focando na jornada. Vivendo uma vida com mais amor, beleza, leveza e significado. É sábio viver um dia de cada vez.

A única certeza de que temos é do momento presente. Não o desperdice. Nós não precisamos conquistar mais nada para sermos felizes e gratos por estarmos vivos agora.

Hoje eu só tenho um simples desejo… hoje eu só quero que o dia termine bem para todos nós e para aqueles que amamos.

YouTube

Assisti a quase 4 horas de YouTube fora das regras do Detox. Parte considerável dos vídeos eram bem culturais, na verdade. Por exemplo, “podcasts” de booktubers. Explico melhor quando falar de Machado de Assis neste post. Mas computei como horas furtadas mesmo assim.

YouTube continua a ser o meu calcanhar de Aquiles…

TikTok

Sexto mês sem perder tempo navegando no TikTok. Fiquei bastante tentada, como vocês verão no item Instagram. Mas resisti. Quem sabe não completo um ano sem navegar no TikTok?

Podcast

Alguns vídeos que assisti no YouTube eram de canais que se autointitulam “poscasts”. Não computarei essas horas aqui, porque já computei no item YouTube, então ficaria dobrado.

Netflix e Streaming

Não assisti séries este mês, mas vi alguns filmes com minha família. Tudo dentro das regras do Detox.

Assistimos Kung Fu Panda 4 no streaming. Em pleno 2024, o Panda continua a sofrer gordofobia. Inacreditável.

Outra coisa que me chamou a atenção é a raposinha má que no final ficou boazinha. Expliquei para nossos filhos que na vida real quase nunca esse tipo de transformação acontece, infelizmente. Quando alguém revelar o seu caráter, é importante acreditar logo na primeira vez. E ficar bastante cético quanto a promessas ou aparências de mudanças radicais.

No cinema, nós e o resto do “planeta-pais” assistimos Divertida Mente 2.

O que eu gostei… Abordar o tema da ansiedade. No Brasil, os dados recentes de saúde pública revelam que pela primeira vez a ansiedade em crianças e jovens superou a de adultos. E as redes sociais, bem como o celular, exercem um papel importante nisto. Foi exemplar a personagem Tédio ter um celular na mão.

Outra coisa que gostei foi a abordagem inclusiva, com personagens de várias aparências, etnias, etc.

O que eu não gostei… A trama girar em torno do hóquei. Aqui em casa temos sérias reservas quanto à prática esportiva profissional competitiva e de alto rendimento, nos moldes contemporâneos. Expliquei mais sobre isto no diário de fevereiro, quando falo de futebol.

Na minha opinião, no futuro será proibido a profissionalização precoce de crianças em esportes competitivos, como mostrado no filme. Ainda mais hóquei, um esporte tão violento.

O lado bom disto e que ensejou conversas interessantes sobre esse tema com nossos filhos. Mas eu teria gostado bem mais a trama central não girasse em torno do esporte.

Notícias

Não assisti vídeos jornalísticos este mês e li apenas três horas de notícias. Menor consumo de notícias do ano.

Música

Assisti com meu esposo Beto a um concerto de Vivaldi à luz de velas. Muito bem executado. Teve ainda um pouco de música ao vivo no café da exposição Modernos Eternos. Muito bom repertório, violão, teclado e voz no estilo acústico. Tocaram música de qualidade, como Fast Car de Tracy Chapman.

Modernos Eternos é uma exposição anual de arquitetura, design e arte que mistura contemporâneo e vintage. Adoro visitar este evento, tanto por questões profissionais (muitos objetos históricos e ideias de expografia), quanto artísticas.

Lembrei-me de quando fui nesta exposição em 2021. Ainda tinha as fotos no meu celular e as revi. Foi um choque para mim ir a um evento desses, depois de tudo que vivemos na pandemia. Na época, isso mexeu comigo e não consegui aproveitar direito. Depois compartilho mais sobre isso no blog.

Desta vez, refleti sobre a importância de se aproveitar cada momento prazeroso da vida com a atenção plena no presente, na vida real e nas pessoas que amamos. O leitor vai entender melhor o que ensejou essas reflexões nas conclusões do post.

Facebook

Gastei 20 minutos este mês no Facebook, lendo os grupos de museologia e desenvolvimento Web. Tudo dentro das regras do Detox.

Instagram

Fiquei cerca de meia hora no Instagram fora das regras do Detox este mês. Explico melhor por quê.

Uma influenciadora americana chamada Courtney Henning Novak decidiu fazer uma volta ao mundo de leituras, lendo um livro de cada país. Para o Brasil, ela escolheu Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

O vídeo da Courtney sobre Brás Cubas viralizou no TikTok, com quase um milhão de visualizações poucos dias depois. E isso impulsionou as vendas do Brás Cubas na Amazon.

Bom, Machado na lista da Amazon virou notícia na imprensa brasileira. Fiquei tentada a dar uma espiadinha no TikTok da influenciadora. Mas resisti, porque estou indo tão bem no quesito TikTok neste detox…

Fui então no Instagram dela. Tinha ali alguns vídeos sobre Brás Cubas e também sobre Dom Casmurro, outro clássico de Machado.

A última vez que li Machado foi há milênios. Então, este mês escutei o audiolivro de Brás Cubas. Tinha música clássica de fundo fazendo a transição entre capítulos e as vozes dos personagens variavam. Parecia novela de rádio antiga, ainda mais que Machado é um escritor do século XIX.

Foi meu primeiro audiolivro literário. Achei interessante a experiência de “escutar” literatura, apesar do tema da morte ser um pouco pesado para mim neste momento.

Twitter

Não acessei o Twitter este mês. Nem quis fazê-lo.

Conclusão

Perdemos alguém que amávamos muito este mês. Faleceu após décadas lutando contra uma doença traiçoeira, que acabou se tornando terminal.

Para fins deste Detox, dentre as várias lições que esta pessoa nos deixou, está a sua admirável e estoica habilidade de amar a vida, independentemente do sofrimento e das circunstâncias. E de viver no momento presente, sem distrair-se com o celular, redes sociais ou qualquer coisa do tipo.

Na verdade, eu só lembro dela com celular na mão para encomendar gostosuras na confeitaria. O celular e a internet sempre foram apenas um meio dela fazer a nossa vida real mais alegre. E é com essa lição que concluo (atrasada) o Diário de Detox deste mês tão difícil.

Junho

YouTube

Em julho, assisti uma hora e meia de YouTube fora das regras do Detox. Melhorou em relação ao mês passado, mas não zerou. E o meu consumo de YouTube dentro das regras também é alto, assistindo vídeos para o trabalho e para escrever os posts de blog. Isso precisa melhorar.

TikTok

Sétimo mês sem TikTok. Não senti falta nenhuma.

Podcasts

Assisti cerca de duas horas de podcasts sobre podcasts. Metapodcasts, digamos assim.

Vou considerar dentro das regras do Detox, porque está conectado com o post que estou escrevendo para a série sobre narcisismo. E também sobre reflexões que tenho feito sobre minha presença on-line e os convites que de vez em quando recebo para participar de podcasts.

Netflix e Streaming

Não assisti séries e documentários este mês, apenas filmes com nossos filhos. Streaming não tem sido um problema neste Detox.

Notícias

Assisti e li sete horas e meia a mais de notícias do que o permitido pelas regras do Detox Digital, que limita o consumo a duas horas por semana. Além disto, não resisti e voltei a ver vídeos de notícias este mês.

Tudo começou com felicidade e euforia. As imagens emocionantes da vitória massacrante dos trabalhistas sobre os conservadores no Reino Unido e da manobra impressionante que a França fez para conter a extrema-direita. Obrigada, queridos leitores ingleses e franceses. Liberté, égalité, fraternité!

Bom, aí a coisa começou a complicar ainda mais em outros lugares. A guerra em Gaza pode escalar para o entorno. A Venezuela caminhando para consolidar uma ditadura. E, claro, o mundo segurando a respiração por conta dos EUA.

Não vou comentar a tentativa de assassinato do Trump e a entrada triunfal de Kamala na disputa, por hora. Mas queria fazer uma breve reflexão sobre a eleição americana, afinal de contas, eu pesquiso gestão inclusiva.

Primeiro, é preciso esclarecer que não se trata de uma defesa do Biden em si. Nós nem consideramos Biden uma pessoa de esquerda aqui no Brasil. Mas, claro, se ele fosse o candidato Democrata, eu e o mundo civilizado inteiro torceríamos por ele.

Estou apenas usando o caso de Biden para refletirmos sobre o etarismo e o capacitismo da sociedade e da imprensa.

Estou na faixa dos quarenta anos e troco as palavras o tempo todo. Esqueço nomes, confundo informações e faço a alegria dos meus alunos com “atos falhos” que saem sem querer, porque meu filtro é distraído.

Se eu chegar na idade do Biden com a condição física e mental que ele tem, vou me sentir uma pessoa abençoada e privilegiada.

É suficiente para ser presidente dos EUA? Não, provavelmente não é. Mas é excelente? Sim, é impressionante. E é com essa abordagem, na minha opinião, que a imprensa deveria ter noticiado o problema. E não com linguagem depreciativa e piadas inaceitáveis para um jornalismo ético.

Não vou comentar os programas de humor, porque o humor segue suas próprias regras (ou a falta delas). Mas o que parte da imprensa oficial fez com Biden é etarismo e capacitismo.

O modo como eles trataram o caso é desrespeitoso e até grave, já que Biden ainda está no salão oval. Eles fragilizaram a confiança das pessoas no atual presidente dos EUA e isso é perigoso para a democracia mundial.

E revela o culto equivocado à juventude que impera na contemporaneidade. O resultado são homens de meia-idade com crises existenciais. E mulheres arriscando a vida em procedimentos perigosos e cirurgias estéticas desnecessárias em nome da eterna “beleza e juventude”.

Nada disso faz nenhum sentido para mim. Eu já me visto estrategicamente com um guarda-roupa vintage há muitos anos, aliás. Sua avó adoraria meu guarda-roupa profissional!

Todo mês eu faço um “encontro de solitude” comigo mesma. Eu me levo para jantar ou almoçar em algum lugar legal. Dois dos meus restaurantes preferidos são frequentados basicamente pela terceira idade. É extremamente comum eu ser uma, duas ou mais décadas mais nova do que todo mundo ali, inclusive os garçons.

Além disto, sempre gostei de conviver com pessoas mais velhas do que eu. Pessoas idosas com saúde emocional e caráter podem nos transmitir sabedoria, conhecimento, serenidade, prudência e experiência de vida.

Podem ser ainda excelentes mentores, porque já ultrapassaram aquela imaturidade competitiva e querem verdadeiramente o nosso bem e o nosso sucesso. E descobri tudo isso muito cedo, ainda bem.

Portanto, fica o alerta aos meus leitores mais jovens: não desmereçam o potencial de contribuição dos mais velhos. Se Deus quiser, um dia todos nós seremos idosos!

Música

Tudo dentro das regras, mas ouvi muita música esse mês. Preciso reduzir isso. Ouvi um pouco de música ao vivo também no Mercado de Origem, em Belo Horizonte, quando fomos visitar o Museu das Reduções.

Facebook

Nem meia hora no Facebook, checando os grupos de Museologia e Desenvolvimento Web. Tudo certo por aqui!

Instagram

Nada fora das regras de Instagram este mês. Só acessei para checar informações de restaurantes, museus, viagens, etc. Bravo!

Twitter

Nem passei perto de Twitter neste mês. Aquilo ali deveria estar uma insanidade.

Conclusão

Tivemos oportunidades interessantes de contato com a natureza este inverno e isso me deixou com vontade de endurecer ainda mais as regras deste Detox para o segundo semestre do projeto. Comento mais sobre isso no próximo diário.

Este mês visitamos a Rota de Peter Lund, um dinamarquês que viveu aqui no século XIX e é considerado o pai da espeleologia e da paleontologia no Brasil. Estou lendo a biografia dele e a de Peter Andreas Brandt, o artista norueguês que fazia as ilustrações científicas para Lund. (Um caloroso abraço virtual para meus leitores noruegueses e dinamarqueses!)

Na cidade de Lagoa Santa, estivemos no parque do Sumidouro, no Museu Peter Lund e em uma das cavernas que ele desbravou, a Lapinha.

Alugamos, ainda, uma casa na mata, em um condomínio na cidade de Nova Lima. Tinha poltrona de leitura com vista para a floresta, laguinho com peixes, riacho e animais silvestres.

Vi uma borboleta azul lindíssima voando na mata. Parecia uma joia flutuante, mas não a fotografei. Fiquei apreciando o momento com minha família. “Tirando fotografias com a cabeça”, como diz minha filha.

Passeamos ainda no Vale do Sol, em Macacos e na exposição da Casa Cor, a mais importante mostra de arquitetura, decoração e arte do país.

Visitei a exposição duas vezes. Uma com Beto, meu esposo, e outra a trabalho, quando tiro fotografias, converso com os monitores sobre os artistas e projetos, anoto ideias expositivas para minhas aulas e pesquisas.

Impressionou-me a mudança de paradigma. Há uma década, praticamente todos os espaços da Casa Cor incorporavam a tecnologia digital, da cozinha ao home office. Smart Homes era o mote e as pessoas queriam se sentir o tempo todo conectadas.

Agora o discurso é o oposto! A maioria das propostas tinha como foco o convívio social, o relaxamento e o mundo analógico. Era extremamente comum não ter nenhum equipamento digital nos ambientes. Isso é sintomático dos tempos que vivemos, do desejo de desconexão.

Depois da minha visita, fui trabalhar por algum tempo no restaurante Rizoma, do Espaço 356. Findo o expediente, tive um ótimo “encontro de solitude” num jantar comigo mesma. E emendei em um happy hour com meu blog, escrevendo os rascunhos deste mesmo post que você agora lê…

Julho

YouTube

Em agosto, assisti quase duas horas de YouTube fora das regras do Detox. Mas em compensação, houve uma redução considerável de consumo de YouTube dentro das regras.

Preciso endurecer as regras do YouTube também. Estou analisando como. O consumo foi bem mais baixo, porém mais alto do que gostaria.

Passei a consumir mais audiobooks também, o que é muito bom. Tira um pouco a fissura de consumir conteúdos no YouTube.

TikTok

Oitavo mês sem TikTok. Não senti falta nenhuma.

Podcasts

Alguns dos vídeos que assisti no YouTube se autointitulam podcasts, assim, essas horas foram computadas lá.

Comecei a ouvir um podcast de política que eu gostava muito, mas resisti à tentação, então, não conta. Não deu nem 5 minutos e desliguei.

Netflix e Streaming

Assisti a vários filmes este mês, mas tudo dentro das regras do Detox, porque foram com minha família. Netflix e Streaming não têm sido um problema neste projeto.

Foi um festival de nostalgia: Mary Poppins (o antigo), Jurassic Park, Para Sempre Cinderela, De volta para o futuro 1 e ET. Meu esposo assistiu os primeiros Star Wars com as crianças. Detesto Star Wars, fiquei de fora dessa!

Foi divertido procurar nos filmes antigos as referências ao nosso passado. As roupas, os equipamentos hoje obsoletos, os aspectos culturais do outro milênio.

Também assisti Fyre Festival com meu filho mais velho. Como falo muito e escrevo sobre este documentário, ele ficou curioso e pediu para ver.

Deixei, censurando algumas partes, como o “famoso brinde” e a cena de como Andy foi liberar a água. Ele tem só dez anos! Conversamos muito ao longo do documentário sobre gestão e narcisismo. Sim, meus filhos têm “aulas” adaptadas para a idade sobre o tema com a “mamãe obcecada com narcs”.

Também assisti a dois episódios de seriado, dentro das regras do Detox.

Vi uma notícia sobre uma influenciadora americana que tinha uma casa em Hamptons. Ela exibia sua fortuna e vida luxuosa nas redes sociais, mas o esposo estava mergulhado em dívidas. O caso terminou em tragédia.

Aqui no Brasil também tivemos um caso semelhante recente. Uma modelo e apresentadora de TV, com milhões de seguidores no Instagram. Ela vendia uma vida perfeita, um casamento feliz de décadas. Até que pediu divórcio e denunciou o marido por violência doméstica e fraudes financeiras.

Fiquei curiosa para entender mais sobre o caso. E digitei “Hamptons” no Netflix, para ver se aparecia algum documentário ou algo assim. Apareceu, dentre outras coisas, Sexy and The City.

Assisti, então, os dois episódios que se passam nos Hamptons. Entendi um pouco melhor o que este lugar representa.

Na festa da Samantha, numa mansão de um ex-namorado lá, estava tocando samba brasileiro.

Quando um amigo da Carrie foi apresentá-la numa festa, disse: “Carrie é escritora, vocês se lembram de livros? Antiga versão do DVD?

Se você hoje em dia, no lugar de DVD ele provavelmente diria smartphones ou redes sociais…

Notícias

Muitas notícias preocupantes este mês, mas fiquei bem abaixo do máximo permitido pelo Detox.

As florestas brasileiras, inclusive a Amazônia, estão sofrendo com incêndios criminosos ou causados pela falta de chuvas. Enquanto isto, no sul do país, mais de 20 cidades amanheceram com temperatura negativa. Nevou em várias delas.

A crise climática é emergente. Precisamos aumentar a conscientização sobre a devastação das florestas tropicais e o aquecimento global. Fale sobre isto com seus conhecidos e em seus canais on-line!

Música

Vou precisar alterar essas regras, estou pensando em novos critérios mais rígidos. O consumo ainda é maior do que gostaria, apesar de ser música. Minha preocupação maior é meu consumo de música no fone, que me isola das pessoas do entorno.

Facebook

Nem meia hora no Facebook, checando os grupos de Museologia e Desenvolvimento Web.

Instagram

Nada fora das regras do Detox este mês. Só acessei para checar informações de restaurantes, museus, viagens, etc. Vamos bem por aqui.

Twitter

Nem passei perto do Twitter e, quando escrevo este post, nem poderia… o Twitter está fora do ar no Brasil, por ordem judicial!

No Diário de Detox de abril, explico a queda de braço entre Elon Musk e o nosso ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Pois bem, Elon Musk demitiu os funcionários brasileiros do Twitter (por live e e-mail, muito elegante! #ironia) e fechou o escritório por aqui, na tentativa de não ter que acatar as leis brasileiras e nem pagar multas.

O ministro Alexandre de Moraes, então, tirou o Twitter do ar no país, pois o nosso Marco Civil da Internet diz que empresas que atuam no Brasil precisam ter representante legal aqui.

Elon Musk atacou o ministro em seu Twitter, como se fosse uma decisão autoritária. Então, Alexandre de Moraes submeteu a decisão dele à votação no Supremo Tribunal Federal. E todos os ministros daquela seção foram unânimes em confirmar a decisão dele, mantendo o Twitter fora do ar enquanto a empresa não apontar um representante legal no nosso território.

A justiça brasileiras está certíssima! Não somos uma República de Bananas. Também não somos uma ditadura, esse discurso de Elon Musk não vai colar. Todo o planeta Terra sabe que ele é insano e de extrema-direita.

As redes sociais precisam urgentemente serem regulamentadas e se submeterem a regras mínimas de ética digital e legalidade. Estou achando ótimo que o Twitter não possa atuar no Brasil, queria que fosse para sempre. Mas claro que Elon Musk já está procurando um escritório de advocacia que represente a empresa aqui, infelizmente.

Conclusão

Tem muito mais coisas que gostaria de comentar neste diário de agosto, mas meu tempo para dedicar à plataforma é limitado e ele está indo quase todo para o redesign do blog e a tradução dos textos da série Narcisismo.

O inverno está terminando. Que venha a primavera, a minha estação preferida do ano!

Agosto

YouTube

Assisti uma hora e meia de YouTube fora das regras do Detox em Setembro.

TikTok

Outro mês sem perder tempo no TikTok!

Podcasts

Em setembro, gastei quase duas horas assistindo podcasts.

Netflix and Streaming

Maratonei a série espanhola O Museu (Bellas Artes, no original), que está disponível no Disney+. A série é sobre os bastidores da gestão de um museu de arte. É super politicamente incorreta, mas eu chorei de rir. Esta série é minha vida!

O primeiro museu que aparece na abertura da série é o MAC de Niterói.

Não foi fora das regras do Detox Digital, porque excepcionalmente tirei alguns dias de férias em Setembro, por causa do calendário alterado da UFMG. E assisti a série com meu esposo.

Edifício do museu MAC de Niterói no alto de uma pedra, com o Cristo Redentor de fundo no céu azul.
Fonte: Marinelson Almeida, Flickr.

The News

Fiquei dentro das regras do Detox no consumo de notícias. Tudo bem por aqui!

Music

Fui a um concerto da Filarmônica de Minas Gerais com meu esposo Beto. E o compositor de uma das obras estava na plateia. Foi emocionante, nunca vivi algo assim, pois a maioria dos compositores de música clássica já faleceram. Isso mostra que a música erudita brasileira segue viva!

Facebook

Este mês, gastei uma hora a mais do que as regras do Detox permitiam no grupo de Museologia do Facebook. Isso aconteceu porque me engajei nos comentários que as pessoas deixaram para mim no meu post sobre a série Narcisismo. Valeu a pena responder às pessoas que também acreditam que o ambiente tóxico está prejudicando a gestão dos nossos museus.

Instagram

Gastei uma hora a mais no Instagram, para além do permitido nas regras do Detox Digital. Estava checando as redes sociais de alguns influenciadores do marketing digital.

Twitter

Twitter está fora do ar no Brasil. Como isso é lindo!

Conclusão

Recentemente aconteceu em minha cidade um grande evento de marketing digital, o maior da América Latina, com milhares de inscritos e dezenas de palestrantes de renome nacional e internacional.

Não participei deste evento, até porque, anos atrás, quando decidi que teria esta plataforma, li livros, assisti palestras e conteúdos da maioria dos principais palestrantes. Inclusive os três professores convidados que usam sua carreira acadêmica para alavancar a carreira meteórica de “gurus de autoajuda”.

Na série sobre narcisismo, teremos um texto que já escrevi sobre Marketing Digital. Mas dou alguns spoilers: a maioria das técnicas que estes marketeiros e gurus ensinam não podem ser adotadas por pessoas que têm ética.

Além disso, estas técnicas são para quem quer construir uma “marca pessoal” ou um “negócio” simplesmente. E não para quem tem uma missão e uma vocação com seus canais on-line.

Portanto, ainda que não descarte a monetização do meu conteúdo no futuro, principalmente por meio de cursos, eu não me identifico com essa cultura de “guerrilha digital” que estes marketeiros promovem.

Minha sugestão é que você aprenda sobre marketing digital, principalmente para ficar ciente dos gatilhos mentais que eles usam para nos seduzir, nos fazer comprar seus produtos e consumir seus conteúdos e cursos.

Faz parte da educação financeira entender de marketing, economia da atenção e capitalismo de vigilância, para não ser uma presa fácil.

Este blog é sobre produtividade e qualidade de vida. Por mais contraditório que possa parecer, para termo ambos, precisamos nos afastar cada dia mais do mercado da produtividade.

Setembro

YouTube

Gastei quase três horas no YouTube fora das regras do Detox Digital. A maioria desse tempo foi assistindo vídeos sobre o caso do Diddy. E minha cabeça agora está cheia de “perguntas”.

O videoclipe de Yummy é uma criptomensagem do Justin Bieber? Madagascar está tentando nos avisar sobre aquelas festas insanas? Michael Jackson foi assassinado?

E a pergunta mais importante de todas… Sério, Ana, sério que você perdeu esse tempo todo com isso????

TikTok

Completando dez meses sem TikTok!

Podcast

Alguns desses vídeos que assisti no YouTube se intitulam podcasts e estas horas foram computadas lá.

Netflix e Streaming

Obedeci às regras este mês.

Assisti alguns documentários chocantes, como a série Os Piores Ex do Netflix. No episódio 4, Enganada pelo distintivo, chorei demais. Apesar de ser terrível, vale a pena, porque a gente entende até onde as pessoas são capazes de chegar para prejudicar as outras.

Também assisti três episódios da segunda temporada de O Museu. Falo mais sobre a série no diário de setembro.

Notícias

Fiquei dentro das horas permitidas para leitura de notícias. E foi terrível lê-las em outubro. Foi assustador ver Trump se aproximando da Kamala nas pesquisas. E quando publico este diário, já sabemos o resultado trágico.

Os Estados Unidos será governado novamente por uma criança insana, ignorante, criminosa condenada, negacionista da ciência e agarradora de “periquita”. Simples assim. Mais baixo nível impossível. Mais perigoso para o planeta igualmente impossível.

Também me impressiona a ingenuidade dos Democratas e, de certa maneira, a da nossa esperança. Trump venceu uma mulher branca que “perdoou” o esposo por deixar que a estagiária acendesse o “charuto” dele.

Você consegue imaginar a Kamala passando pano para um homem que fizesse isso com ela? Por que então acreditamos que a maioria dos americanos estaria pronta para eleger uma mulher negra, filha de imigrantes, poderosa e inteligente, sem filhos biológicos e progressista? E que ainda por cima se atreve a dar gargalhadas e a ter gingado na dança?

É uma tragédia para os EUA e para o mundo, principalmente para a crise climática.

Biden está no Brasil esta semana para o G20. Visitou a Amazônia e prometeu 50 milhões de dólares para a floresta. Mas essa doação depende ainda da aprovação do Congresso Americano.

Queridos leitores e leitoras americanos, tenho convicção de que vocês não votaram neste monstro e que fizeram tudo que podiam para que ele não vencesse. Meu coração está partido pela América. Toda minha solidariedade a vocês.

Estamos juntos, não vamos desistir, vamos ser resistência. A sobrevivência do planeta Terra agora está ainda mais em risco. Vamos lutar até o fim!

Música

Tudo certo por aqui, montando as minhas playlists de música clássica e brasileira.

Facebook

Entrei pouco no Facebook em outubro, menos de vinte minutos, tudo dentro das regras do Detox.

Instagram

Consultei somente Instagram de restaurantes, museus etc. Tudo dentro das regras.

Twitter

Elon Musk pagou as dívidas de multas, indicou um escritório para representar a empresa no Brasil e manteve fora do ar os perfis dos criminosos que tentaram dar um golpe de estado em 8 de janeiro de 2023 no nosso país.

Enfim, a justiça brasileira venceu o “cabo de guerra” com Musk. Mas a má notícia é que, cumprindo as regras, essa rede social ordinária voltou a funcionar por aqui.

Eu passei longe do Twitter este mês, ainda mais véspera de eleições para prefeitos, em meu país, e presidenciais, nos EUA.

Conclusão

O mês de outubro é um mês festivo para a comunidade alemã brasileira, da qual também sou descendente. Em diversas cidades ao redor do Brasil temos a Oktoberfest, festival que tem sua origem em Munique, região da Bavária na Alemanha.

Na cidade de Blumenau, no sul do Brasil, estado de Santa Catarina, acontece a maior Oktoberfest da América Latina, que reúne mais de meio milhão de pessoas a cada edição. É o segundo maior festival folclórico do país, só perdendo para o Carnaval do Rio.

Eu nunca fui a uma Oktoberfest na vida. Mas não fiquem chateados comigo, eu nunca fui a uma festa de Carnaval também! Mas este mês com certeza eu celebrei esse caldeirão cultural que é o Brasil em um dos melhores restaurantes de Belo Horizonte, o TipTop.

O TipTop (gíria europeia que significa “tudo certo, tudo bem”) é o restaurante mais antigo da nossa cidade, fundado por imigrantes europeus em 1929. Sempre foi administrado por mulheres. A gastronomia é internacional, mas o carro-chefe da casa é a fusão da culinária alemã com a culinária mineira (do estado de Minas Gerais).

Lá tomei com meu esposo uma Krug Bier, deliciosa cerveja artesanal que segue a rígida lei da pureza alemã e tem origem em imigrantes austríacos, descendentes de uma família que produz cerveja na Áustria desde 1708.

Segue uma foto para brindar com meus leitores alemães e austríacos. Beba com moderação e tente não enlouquecer de preocupação!

YouTube

Assisti uma hora e meia fora das regras de YouTube. Reduzi bastante os canais que confiro de notícias; e também vídeos sobre Narcisismo. E estou testando em Dezembro algo que creio que solucionará meu vício em vídeos. Se der certo compartilho com vocês no próximo diário.

TikTok

Completando 11 meses sem TikTok.

Podcast

Assisti um episódio de podcasts fora das regras, o que dá uma hora.

Netflix e Streaming

Assisti com nossos filhos ao filme dos Muppets – The Great Muppet Caper, que se passa em Londres (1981, disponível no Netflix). Foi uma volta ao passado, eu amava os Muppets! Cheguei a costurar para mim mesma um Caco de feltro verde.

No cinema, assistimos com as crianças a animação brasileira A Arca de Noé, em homenagem aos poemas e músicas do poeta brasileiro Vinícius de Moraes. Muito bacana!

Em termos de streaming, assisti aos últimos episódios da série O Museu (falo sobre ela no diário de setembro) e avancei meia hora do permitido pelo Detox Digital, porque assisti também ao primeiro episódio da série sobre o Ayrton Senna, no Netflix.

Assisti só ao primeiro capítulo, vou pensar se verei o resto, mas estou com preguiça. Me irritou bastante a imagem “maquiada” que fizeram dele. É uma visão irrealista e romantizada, tanto do Senna, quanto deste esporte absolutamente estúpido. Mas em termos de produção, a série é muito bem-feita.

Notícias

Li três horas a mais de notícias do que as regras do Detox permitem, mas foram muitas coisas acontecendo, não sei nem por onde começar e nem vai dar para mencionar tudo.

As guerras em curso realmente são muito chocantes. Inclusive o drama das famílias brasileiras no Líbano. Entre cidadãos e descendentes, o Brasil abriga uma comunidade libanesa de aproximadamente 8 milhões de pessoas. Isso é mais do que a população do próprio Líbano.

A situação em Gaza é desumana e inacreditável. Finalmente Haia fez alguma coisa quanto a isso e emitiu mandado de prisão contra Netanyahu e o chefe do Hamas.

Mas o que realmente ocupou meu tempo de leitura foi o indiciamento do nosso ex-presidente por vários crimes, inclusive tentativa de golpe de estado. E o que ninguém sabia: havia ainda um plano de assassinar o atual presidente Lula, seu vice Alckmin e o juiz Alexandre de Moraes, o desafeto do Elon Musk.

Nossa democracia correu mais riscos do que imaginávamos!

Música

Segui as regras, mas essas regras precisam ficar mais duras. Ainda ouvindo muita música por aqui.

Em dezembro, estou testando também algumas novas regrinhas para o consumo de música, se der certo eu conto para vocês no próximo diário.

Facebook

Quase não acessei o Facebook, apenas chequei o grupo Museologia Brasil uma vez por semana. Tudo certo por aqui!

Instagram

Tudo dentro das regras, chequei apenas restaurantes, museus, etc. por poucos minutos a cada semana.

Twitter

Não entrei no Twitter este mês, aquilo deve ter estado uma loucura este mês.

A boa notícia sobre esta rede social veio do The Guardian, que saiu do Twitter. Parabéns, The Guardian!!!

Conclusão

Este blog é influenciado pelos princípios do Movimento Slow. A minha história com este movimento é antiga, aliás.

Este mês, estou relendo um livro lançado em 2016, chamado: Slow Professor – Desafiando a cultura da velocidade na academia (Slow Professor – Challenging the Culture of Speed ​​in the Academy). Foi escrito pelas professoras Maggie Berg e Barbara K. Seeber.

É um livro excelente que vale a pena ser lido mesmo por quem não é acadêmico, porque tudo que as autoras falam nele se aplica à maioria dos trabalhos intelectuais.

O livro se coloca contra o capitalismo selvagem na pesquisa (research capitalismo), que está na raiz de muitos males que vivenciamos hoje no mercado de trabalho e na universidade.

Teremos um post aqui no blog falando mais detidamente sobre este livro e também sobre o movimento Slow, mas seguem alguns dos princípios sugeridos nele, que têm conexão com a proposta deste detox:

Faça menos coisas: Gestão do tempo não é só sobre fazer mais coisas melhor, mas é também eliminar aquilo que não é prioridade. Mais não é necessariamente melhor. O livro cita o exemplo de Jane Austin, já que uma das autoras é especialista na obra literária desta escritora inglesa.

Foque em qualidade, não em quantidade: O livro critica duramente a cultura do “produtivismo”, na qual o volume de coisas feitas é mais importante do que a qualidade e o real impacto intelectual dos resultados. Faça menos coisas, melhor.

Vá devagar: Não se apresse a fazer as coisas, faça as coisas mais devagar e dê tempo de maturação para seus projetos e trabalhos. “Just wait” ao contrário do lema da contemporaneidade que é “Just do it”.

Tempo sem pressão: Separe um tempo para focar sem estar “focado”, permitindo-se ter tempo de análise e reflexão livre. Faça um ritual pessoal de transição para marcar o início destas seções, que devem acontecer numa atmosfera agradável e divertida.

Faça intervalos: Tenha tempo para descansar, distrair-se e também não fazer nada. Tempo para recuperar as energias, pausas que melhoram a qualidade do nosso trabalho.

Fique off-line e desconecte-se: Ficar conectado o tempo todo está erodindo a nossa capacidade de foco e a nossa produtividade. As autoras questionam a cultura “multitarefas” da contemporaneidade. Nós não somos programados para fazer bem muitas coisas ao mesmo tempo, temos que fazer uma coisa por vez.

Siga o seu coração: É muito melhor seguir a sua curiosidade e os seus interesses profissionais e acadêmicos do que simplesmente falar sobre o “assunto do momento” só para ganhar citações (ou views, no caso das redes sociais). A menos, claro, que você seja um narcisista obcecado com o Lattes e com o índice H!

Mantenha sua humanidade: O livro diz: “Desacelerar é uma questão ética. Ser como uma máquina dificilmente fará com que você tenha empatia pelos outros.” Não seja “humanista” apenas no discurso, para conquistar os trabalhadores em burnout e para ser politicamente correto. Sejamos humanos, porque pessoas importam.

Enfim, recomendo bastante o livro. Ele reforça uma verdade modernista importante que tem tudo a ver com este detox digital… Menos é mais!

Less is more, menos é mais em inglês.
Novembro

Primeiramente, gostaria de me desculpar pela demora em publicar o Diário de Detox de dezembro. Acabei me ausentando do blog nas férias de verão e começo de ano é sempre cheio de muitas pendências. Aproveito, portanto, o feriado de Carnaval para colocar o blog em dia.

Este é o último diário mensal, mas farei ainda uma reflexão final sobre o projeto de produtividade Detox Digital, elaborando uma análise geral deste ano que passou e listando as minhas regras permanentes para consumo digital a partir de agora.

Desculpas pelo atraso aceitas? Vamos então ao que interessa, porque os assuntos são muitos…

YouTube

Assisti 3 horas e 40 minutos de YouTube fora das regras neste mês. Mas não me arrependo. Afinal de contas, a maioria dos vídeos do YouTube que assisti foi sobre “não estar no YouTube”. Explico melhor.

Jout Jout é uma YouTuber brasileira com mais de 2 milhões de seguidores, livro best seller, participação permanente em um programa de televisão de sucesso etc. Do nada, um dia ela sumiu. Eventualmente voltou em um vídeo, despediu-se do canal e desapareceu no mundo.

Quatro anos depois, dois podcasters procuraram Jout Jout por seis meses e encontraram! Fizeram uma série de podcast sensacional – De Saída: A vida Fora da Internet.

A série aborda casos de pessoas de sucesso que abandonaram as redes sociais e optaram por tentar ter uma vida “normal”. Jout Jout foi a entrevistada principal.

Recomendo demais o podcast, sensacional!

A quebra das regras do Detox foi para assistir alguns vídeos da Jout Jout, pois eu não a seguia. E também vídeos apoiando ou criticando as decisões de vida dela.

Não quero me estender muito aqui neste debate, mas para aqueles que dizem não entender o que Jout Jout viu de bom em uma casinha simples no bosque, minha recomendação é que leiam Walden de Henry David Thoreau.

TikTok

Um ano sem TikTok! Não senti a menor falta, não fez a menor falta. Essa rede social estúpida que consome o tempo precioso das pessoas está banida de vez da minha vida.

Podcast

Este mês eu assisti cerca de dez horas de episódios de podcasts. Mas vou contar como fora das regras apenas cerca de cinco horas, porque os episódios da série sobre a Jout Jout, que expliquei no item YouTube, foram material para meus textos neste blog e um reforço para o detox digital.

Dentre os conteúdos “proibidos”, assisti a um episódio inteiro do maior podcaster da Europa, porque a BBC fez uma reportagem dizendo que este show é uma fonte de desinformação na área da saúde.

Aí, depois de assistir este podcast preocupante, o algoritmo subiu no meu feed conteúdos de canais similares. E eu caí no clickbait.

Foi tanta desinformação que vi nos canais desses influenciadores e escritores, que não saberia nem por onde começar! Inclusive sobre o nosso país e sobre Portugal.

O vídeo que assisti sobre Portugal foi especialmente chocante. Portugal é um país fantástico, com muita gente sofisticada, forte e lutadora. De quebra, como não poderia deixar de ser pelo nosso passado em comum, sobrou fake news para o Brasil nos comentários do vídeo.

Esta desinformação só vai mudar efetivamente quando as redes sociais, os algoritmos e a inteligência artificial forem regulamentadas. Ainda bem que estamos na vanguarda deste processo aqui em nosso país.

Tanto as plataformas, quanto os produtores de conteúdos, precisam ser responsabilizados legalmente pelas fake news que propagam na Web. As empresas que não cumprirem a lei devem ser proibidas de atuar no Brasil.

Isso não é censura, é civilidade!

Netflix e Streaming

No Natal passado, assistimos ao filme O Conto de Natal dos Muppets, de 1992. Sessão nostalgia com pipoca. Eu amava os Muppets na minha infância! O filme é lindo, lindo, lindo. Nossos filhos adoraram.

Naquela época, não eram vendidos bonecos do sapo Caco no Brasil, só nos EUA. Hoje podemos escolher na Web um Caco dentre dezenas de opções e comprá-lo com apenas um clique! E provavelmente ele não será feito nos EUA, mas sim na China.

Como a blogueira aqui é do milênio passado, quando era criança costurei com feltro verde meu próprio fantoche de Caco. Os olhos são uma bola de pingue pongue que meu pai cortou ao meio para mim.

Eu ainda tenho este Caco que fiz. Pode não ser tão chique e bonito quanto um Caco industrializado importado na Web. Mas confesso que ainda prefiro o meu feito à mão…

E a seção nostalgia de férias de verão continua. Assistimos GremlinsCurtindo a vida a doidado. Gente, o filme é bom, mas esse protagonista é narcisista, né?

Não assisti séries, mas assisti ao documentário da Marta Stewart. Não vou comentar, porque vou mencioná-lo em um texto que será publicado no futuro no blog, sobre Narcisismo e o movimento Tradwife (Esposas Tradicionais).

Por fim, alguns leitores me perguntaram se eu já assisti ao filme brasileiro Ainda estou aqui. O filme ganhou inúmeros prêmios e foi indicado ao Oscar em mais de uma categoria.

Quero muito assistir Ainda estou aqui, mas creio que agora não é o melhor momento. O tema da ditadura brasileira realmente mexe comigo. Em terras tropicais, ainda estamos em pleno verão! Vou esperar um pouco, para assistir na TV, não no cinema. Vai ser menos impactante para o meu emocional.

Notícias

Consumi bastante notícia, mas fiquei dentro das regras do Detox.

A maioria delas foi a respeito da parceria comercial entre o Mercosul e a União Europeia, assinada agora em dezembro.

Mercosul é uma integração regional da América Latina, composta pelo Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente, Bolívia. Venezuela está suspensa no momento, por descumprir as cláusulas democráticas. Este grupo de países já comercializa entre si usando moeda local e não o dólar.

Após 25 anos de negociação, este acordo finalmente tem chances reais de sair do papel. Será a maior parceria comercial do mundo. A união EU-Mercosul fortalecerá o multilateralismo mundial, bem como as alianças políticas e comerciais entre Europa e América Latina.

Hoje o maior parceiro comercial do Brasil é a China, estando a União Europeia em segundo lugar.

Precisamos lembrar que a China é uma ditadura. E está se empoderando e lucrando com a derrocada da democracia americana, causada pelas insanidades do Trump.

Portanto, seria importante fortalecermos as alianças entre países democráticos no mundo e tentarmos aproveitar este momento para redesenharmos a geopolítica mundial rumo à equidade, à multilateralidade e a desdolarização do comércio internacional.

Por tudo isso, acompanhei de perto as notícias e comemorei a parceria EU-Mercosul.

Vamos lutar por um mundo unido, multilateral e civilizado. Até que um dia, as fronteiras desenhadas no mapa representem mais a nossa diversidade cultural e menos as intolerâncias dos nacionalistas ignorantes.

Nacionalismo é uma forma pouco sofisticada de narcisismo coletivo. Mentalidade cosmopolita: somos todos cidadãos do mundo. A raça é humana! O planeta é um só!

Música

Foi um dezembro bem musical. Natal pede música. Eu eu e meu esposo assistimos ao Messias de Handel duas vezes em dezembro.

A primeira, executado pela Orquestra 415, que é uma orquestra pequena que utiliza réplicas de instrumentos antigos. A segunda, executada pela Filarmônica de Minas Gerais, que é uma orquestra grande e internacional, com instrumentos modernos. Ambas acompanhavam magnífico coral.

Falei mais sobre estas orquestras no Diário de Detox de março.

Foi muito interessante o contraste entre a experiência barroca vintage, com a 415, seguida do molde contemporâneo de música clássica, com a Filarmônica.

Ambas as apresentações foram incríveis! Em nenhuma das duas a plateia se levantou no Aleluia. E apesar de terem ficado em completo silêncio a apresentação inteira, como manda a etiqueta, ao final do Aleluia todos (inclusive essa que vos escreve) aplaudiram efusivamente.

Brasileiros, seus rebeldes passionais…

Facebook

Fiquei dentro das regras do Detox mais uma vez, mas confesso que nunca tive tanta vontade de deletar o Facebook como nas últimas semanas. Nem preciso dizer o motivo, depois do apoio de Zuckerberg ao Trump.

Esse dia vai chegar, depois eu escrevo com calma as razões pelas quais não o farei ainda.

Instagram

Chequei restaurantes, museus, hotéis etc. por poucos minutos a cada semana. Essa parte ficou dentro das regras. Mas vi bobagens por meia hora.

Twitter

Não acessei o Twitter em dezembro. Livre dessa rede social tóxica.

Tive a alegria de ver intelectuais públicos, jornais e instituições importantes da minha área saindo do Twitter nas últimas semanas.

Saia você também! Vamos boicotar essa rede social maligna comandada por um extremista insano.

Conclusão

Nestas férias de verão, fomos ao Rio de Janeiro. Para nossas crianças, foi a primeira vez no Rio, a primeira vez em um avião e a primeira vez na praia, dentre outras estreias.

Minha garotinha tem 7 anos e meu menino tem 11. Nós estávamos esperando que eles tivessem idade suficiente para se recordarem deste momento para sempre. Queríamos que fosse especial e que fosse no Rio. E foi muito especial mesmo.

Como diz uma famosa música brasileira… “O Rio de Janeiro continua lindo.” (Aquele Abraço – Gilberto Gil)

Para encerrar este último diário de detox, eu gostaria de registrar as minhas percepções sobre o uso que do celular nas férias. Impressões essas que ficaram da nossa viagem ao Rio.

É normal que as pessoas queiram registrar suas férias para a posteridade e, portanto, usem o celular para isto. Eu obviamente bati muitas fotos em nossa viagem. Ainda mais com tantas “estreias” dos nossos pequenos, inclusive estarmos ali com eles na Cidade Maravilhosa, o apelido do Rio por aqui no Brasil.

E também é normal que usem o celular para se comunicar com parentes e amigos durante as férias.

O problema está obviamente no exagero. É impressionante como o celular domina a paisagem nos cenários turísticos. Muitos parecem olhar mais para baixo do que para os lados.

Nos restaurantes, notei diversas vezes grupo de pessoas, famílias e até casais que mais ficavam no celular do que conversavam entre si. Alguns não chegaram a trocar uma única palavra pelo tempo inteiro que ficaram olhando suas telas na mesa.

A última vez que fui ao Cristo Redentor e ao Bondinho do Pão de Açúcar foi na minha lua de mel, quase vinte anos atrás. Fomos em ambos com as crianças nestas férias.

Adoramos a visita ao Pão de Açúcar. A vista é de tirar o fôlego de tão linda, a infraestrutura é excelente e o lugar é amplo e tranquilo. Dava para curtir a paisagem deslumbrante em paz.

O oposto pode ser dito do Corcovado. Estava simplesmente caótico, parecia a Torre Eiffel. Meu filhote resumiu bem o que era aquele lugar: “Uma multidão de gente, a metade estrangeiros, todos querendo bater um selfie.

Sinto que o vício em celular se tornou uma ameaça gravíssima à fruição turística. As pessoas parecem mais conectadas ao smartphone do que ao lugar ou ao momento presente nas viagens.

No Rio, minhas regras do Detox Digital foram extremamente rígidas. Não assisti TV a viagem toda, nem as crianças. Com a exceção de vinte minutos de um filme engraçado um único dia, que eu e meu esposo vimos enquanto o sono batia.

Na viagem, não chequei e-mails de trabalho e nem trabalhei dia nenhum, ainda que tenha visitado e batido foto nos museus para minhas aulas e pesquisas. Um dos privilégios de se trabalhar com aquilo que se ama fazer nos tempo de lazer.

Não li notícias, acessei rede social ou assisti vídeos. Sequer ouvi música, nem durante o voo. Meu fone de ouvido ficou no hotel o tempo todo, nem deveria ter levado.

Só usei o celular para me comunicar com minha família, consultar informações da viagem e bater fotos. Não fez a menor falta, pelo contrário. Este detox radical dentro do meu detox digital me fez muito bem!

Quando cheguei em Belo Horizonte, enquanto arrumava as malas, aproveitei para escutar as principais notícias. E senti uma sensação de tristeza, não só pelas notícias em si, mas porque estava “de volta” ao turbilhão do meu smartphone.

Então, desliguei o noticiário e prometi para mim mesma que minhas regras permanentes de consumo digital deveriam ser quase como a viagem ao Rio. Digo quase, porque obviamente “consumo zero” não é possível. Mas um consumo mínimo é perfeitamente factível!

Ainda é verão no Brasil e os dias estão ensolarados e quentes. Já já estaremos no Outono. Quero que quando o verão voltar, no final de 2025, eu tenha a sensação, pelo menos no que se refere ao consumo digital, que passei o ano inteiro de férias!

Foto de Ana sorrindo. Ana é uma mulher branca de meia-idade, com grandes olhos castanhos e cabelos ondulados com mechas louras, na altura dos ombros.

Ana Cecília é professora na UFMG, Brasil. Pesquisa gestão inclusiva e tecnologias da informação e comunicação para museus, bibliotecas e arquivos. Mora em Belo Horizonte com o esposo Alberto e seus dois filhos. Ama ler, desenhar, caminhar e viajar.

 

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